sábado, 15 de março de 2014

SERÁ QUE HOJE DEVEMOS TOMAR POR EXEMPLO ABRAÃO COMO DIZIMISTA PARA AS IGREJAS ATUAIS?

Adilson Francisco dos santos. Estudos Apologéticos

SERÁ QUE HOJE DEVEMOS TOMAR POR EXEMPLO ABRAÃO COMO DIZIMISTA PARA AS IGREJAS ATUAIS?

A uma determinada igreja que ensina que o dizimo é muito antes da lei, vejamos o que eles escreveram em uma de suas lições, “O dizimo não ficou circunscrito à lei, antes desta, Abraão pela fé já trazia os dízimos ao Senhor”, “Há os que dizem que essa é uma prática tipicamente legalista e circunscrita ao Antigo Testamento, no entanto devemos estar atento a um detalhe muito importante: séculos antes da lei de Moisés ser proclamada, vemos o patriarca Abraão adorar a Deus com os seus dízimos (Gênesis 14.20). Lições Bíblicas jovens e adultos 4º trimestre de 1997. P 70, i e ii coríntios os problemas da Igreja e suas soluções.

Hoje não podemos tomar como exemplo de doutrina para a Igreja da Nova Dispensação, o dízimo de Abraão, como fundamento para implantá-los como regra geral de doutrina na Igreja, com o propósito de receber bênçãos e salvação, em nome de uma lei que fora por Cristo abolida, (2 Coríntios 3.14; Gálatas 4.9; Efésios 2 .14.15; Colossenses 2 14.15; Hebreus 7.12.18.19.28; 10.9).
Analisando ao decorrer da história, Abraão nunca foi, de fato, um dizimista fiel. Assim, os pastores que defendem a doutrina do dízimo citando o exemplo de Abraão, estão deturpando o conteúdo bíblico e agindo de má fé.
Os personagens bíblicos do Velho Testamento são heróis para alguns, mais nem tanto!
Certamente são homens que inspiraram vidas.  Os conteúdos de suas histórias ainda nos são oferecidos como exemplos hoje. Mas, devemos fazer tudo o que eles realmente fizeram? Devemos viver exatamente como eles viveram?
É indiscutível que o patriarca Abraão nos deixou um grande exemplo. Fé, altruísmo, companheirismo com Deus. Porém, devemos realmente viver como ele viveu? E agir como ele agiu em todas as situações?

Seria correto, por exemplo, imitar-lhe o exemplo poligâmico? (Gênesis 16.2 e 26.6). Sabemos que  Abraão era um escravagista nato (Gênesis 17.23-27). Algum cristão sincero defenderia hoje  a escravidão em o nome de Abraão?
Abraão era um grande latifundiário. (Gênesis 13.10.14.15). Centenas de “sem-terra” escravos trabalhavam para o fazendeiro Abraão (Gênesis 14.14). Que além de possuir muitas terras, também possuía muito gado, muito ouro e muita prata (Gênesis 13:2). Que tal este exemplo para nossos dias? E juntá toda esta concentração de riqueza? Ja imaginou Que péssima distribuição de renda na “Nação Abraãmica”. Uma enorme injustiça social da parte d’ele! Deve este modelo ser copiado hoje?

A Bíblia fala que Os filhos “oficiais” de Abraão foram oito. Isaque nascido de Sara. Ismael nascido de Hagar e mais seis nascidos de Quetura (Gênesis 25.1.2). E outras filhas e filhos de concubinas que  não são citados por nome. São estatísticas genéricas (Gênesis 25.6). Mas devemos observar que antes de Abraão morrer. Ele tomou todas as suas riquezas, terras, gado, ovelhas e transferiu tudo para o nome de Isaque. O seu filho predileto que tornou-se herdeiro único. Aos outros irmãos dele coube apenas uma indenização, ou melhor, uma compensação, conforme narrado em (Gênesis 25.5.6). Abraão ainda teve o cuidado de banir todos os seus filhos de casa, mandando-os para o Oriente o lugar de exílio mais distante (Gênesis 25.6). Para que Isaque não tivesse problemas com os outros irmãos herdeiros concorrentes, porque segundo a Bíblia eles também tinham os mesmos direitos, observe.  “Quando um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem aborrece, e a amada e a aborrecida lhe derem filhos, e o filho primogênito for da aborrecida. Será que, no dia em que fazer herdar a seus filhos o que tiver, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, adiante do filho da aborrecida, que é o primogênito. Mas ao filho da aborrecida reconhecerá por primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver, porquanto aquele é o pricipio da sua força; o direito da primogenitura seu é”. (Deuteronômio 21.15-17). Que exemplo de Pai foi Abraão, é este um bom exemplo a ser seguido hoje?

Ainda é interessante lembrar que todos estes filhos de Abraão nasceram muito antes de Isaque.
Quanto ao dízimo de Abraão? Devemos observar atentamente o contexto histórico: E analisar o termo usado pelos os pastores que Abraão pagou o Dizimo.
Pagar é um termo muito pesado. O texto bíblico diz que Abraão deu o dízimo de tudo. Não do seu patrimônio, mas dos despojos recuperados na guerra. (Ver Hebreus 7.4).
Ninguém pode afirmar que Abraão vivia sob alguma forma de lei que o obrigava a ser um dizimista. Nem tão pouco pode afirmar que Deus exigia dele, sob mandamento de 10% de sua renda. O dízimo na era patriarcal não era obrigatório. Muito menos sistemático. A sazonalidade do dízimo estava ligada a fatos especiais que traziam mudanças de rendas. Destas receitas extras dava-se o dízimo.

Abraão deu o dízimo. A obrigatoriedade dizimista só começaria a existir na era levítica. (Veja o contraste das expressões contidas em Levíticos 27.30-33; Números 18.24; Deuteronômio 14.22-29). Os pastores Que usa o exemplo de Abraão como fiel dizimista para os dias de hoje, devem está atento a vários detalhes:
1º)-Abraão deu o dízimo do excedente que ele tinha conquistado na guerra ou seja despojos. (Hebreus 7.4).

2º)-Muitas das posses que ele recuperou pertenciam a Ló seu sobrinho  (Gênesis 14.16).

3º)-A maior parte dos despojos pertencia aos reis de Sodoma e Gomorra (Gênesis 14.11)

4º)-Nada pertencia a Abraão, que se recusou a tomar qualquer coisa para si. (Versos 21-24)

5º)-A lei dos dízimos (Levíticos 27.30.31) exigia dízimos em forma de coisas produzidas pela terra: grãos, gado. Em nenhuma parte fala para dizimar despojos de guerra.

6º)-Após a guerra. Abraão ficou com o mesmo “PATRIMÔNIO” que possuía antes. Não houve acréscimo de renda. (Gênesis 14.24). Portanto ele deu o dízimo perfazendo um caminho inverso da orientação teológica apresentada pelos os pastores em nossos dias, que manda suas ovelhas dizimar as rendas de seus sálarios, ganhos e lucros.

7º)-Os despojos de guerra incluíam serem humanos, escravos capturados das guerras do exército inimigo. (Gênesis 14.16)   Deveriam as nações hoje “dizimar” os prisioneiros de guerra?

8º)-Para que o dízimo de Abraão tenha o mesmo significado dos dízimos cobrados hoje pelas igrejas cristãs, ele teria que ter ficado com os outros 90%. Que dizimista é este que dá 10% para o Sumo Sacerdote e os outros 90% para um rei pagão como o de Sodoma e Gomorra, descontando apenas o custo operacional da guerra?

9º)-Jesus nunca recebeu dízimos. Se Melquisedeque simbolizava a Cristo como os pastores amantes do dinheiro do dizimo ensina para sugar suas ovelhas, por que não encontramos relatos de pessoas dando dízimos a Jesus durante Seu ministério aqui na Terra? Não é Ele o Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque? Como ousam os pastores religiosos hoje exigir dízimos aos seus fiéis na qualidade de sacerdotes sucessores de Melquisedeque, se o nosso Sumo Sacerdote não fazia assim?

10º)-Abraão tomava animais, cortava em pedaços quando fazia um concerto com Deus. Por que os pastores hoje não mandam seus fiéis repetirem também estes rituais em suas igrejas, já que o exemplo de Abraão deve ser seguido em nossos dias?
Dízimo sobre despojos é único neste caso de Abraão.

Concluímos então que Abraão não é um exemplo de dizimista para nossos dias. Porque eles sendo um homem milhionário (Gênesis 13.2). Nunca dizimo ao Senhor de seus bens. Em nenhuma parte da Bíblia ele é apresentado como um dizimista fiel e sistemático, regular. Suas práticas de dízimos em nada se parecem com as requeridas hoje em nossos dias pelos pastores que se diz cristãos. Abraão dizimou justamente riquezas que não lhe pertenciam. Riquezas que ele devolveu (90%) aos seus legítimos donos. Abraão estava seguindo um costume de sua época. Costume dos povos da Antiguidade.




















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