Adilson Francisco dos Santos. Estudos apologéticos
O QUE SIGNIFICA NÃO
DEIS AS COISAS SANTAS AOS CÃES? NEM AS VOSSAS
PÉROLAS AOS PORCOS?
Não deis as coisas santas aos cães, nem jogueis aos porcos as
vossas pérolas, para que não as pisoteiem e, voltando-se, vos façam em pedaços (Mateus
7.6)
Acautelai-vos
dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão.
(Filipenses 3.2)
Acautelai-vos é um termo grego, “blêpo”, verbo de uso comum
que significa “ver”, embora também usado com o sentido de “considerar”, “observar”,
“dirigir a atenção para algo, ou para alguém”, em Marcos 13.9, onde o termo é
usado para indicar o cuidado que o ministro do evangelho deve ter em tempos de crise,
sobretudo nos últimos dias. Essa palavra
também é utilizada em Marcos 8.15, contra o “fermento” dos fariseus: Nas
escrituras o sentido literal do fermento é símbolo do mal, e da corrupção
(Mateus 16.6-12; Marcos 8.15; Lucas 12.1; I Coríntios 5.6-8). Em Marcos 12.38, Jesus
fala aos seus discípulos acerca da necessidade de se acautelarem dos escribas e
de suas hipocrisias. “Ou seja, acautela-vos desses cães” Pode-se notar aqui o
artigo definido. Por conseguinte, o apóstolo destacava um grupo particular de
homens religiosos, os quais deveriam ser vigiados especialmente, para que suas
doutrinas e suas práticas antes cristãs não viessem a macular a pureza da
comunidade cristã de Filipos os quais os cães maculavam, ou seja, os “maus obreiros”.
De acordo com a lei levítica, o cão era um animal imundo; (I
Reis 21.19; 22.38). Era um termo comum entre os judeus, para designar a nação
gentílica. Na época o cão era um animal de pouco valor, ou de nenhum; o preço
de compra de um cão era equiparado com o preço do uso de uma prostituta. Um
israelita não podia fazer penetrar na casa de Deus nem os cães e nem as
prostitutas, porquanto isso seria considerado, uma abominação aos olhos de Deus,
segundo se lê em Deuteronômio 23.18.
Em Mateus 15.27, ele usa o termo “cão”, para indicar os
gentios. Em Apocalipse 22.15. João menciona que os “cães” ficarão de fora da
cidade santa, á nova Jerusalém celestial; e isso indica os “Maus obreiros”
homens que foram pervertidos por vários vícios repugnantes que corrompem a
sociedade. Assim como os cães eram proibidos de entrar no templo por não ser um
animal aprazível para o sacrifício. Assim será com aqueles que amam e comete
abominações, e são contrario a doutrina cristã. E não só eles, mais a todos
quanto comete abominação. “Guardar-vos dos cães” (Filipenses 3.2).
Homero nos seus escritos usou o termo “cão” para falar de pessoas audazes e desavergonhadas, especialmente mulheres de caráter moral baixo. No presente texto está em foco o caráter moral dos falsos mestres, sem importar se eram “judaizantes” ou não, em contraste com a pureza que se espera nos verdadeiros cristãos. O cão é um animal sem vergonha, voraz, aproveitador, desordeiro, vagabundo, briguento; e é possível que algumas dessas qualidades negativas devam ser compreendidas acerca daqueles sobre quem Paulo falava assim indiretamente. O cão é um animal tão imundo que ele se banqueteia de seu próprio vomito, como descreveram o rei Salomão e o apostolo Pedro (II Pedro 2.22; Provérbios 26.11).
Helena, na Ilíada (vi. 344), chama o seu cunhado de “cão enganador”.
Teucer referiu-se a Heitor, dizendo: “Não posso atingir esse cão raivoso”.
(Ilíada, viii. 298). Ao procurarmos compreender a força desse termo, ajuda-nos
lembrar que, nas sociedades antigas, os cães não eram domesticados como hoje; antes,
com frequência, andavam em matilhas, como lobos selvagem, mostrando-se quase
tão ferozes quanto estes. Veja o que os cães fizeram com Jezabel (I Reis 21.23.24;
II Reis 9.35). Lê-se em um livro de Thompson, «Land and Book», pág. 593: Jazem
os cães pelas ruas em tais números que é difícil, e até mesmo perigoso alguém
tentar passar entre eles, uma raça magra, faminta e sinistra. Não têm dono,
mas, com base em algum princípio conhecido exclusivamente por eles, combinam-se
em bandos, cada um dos quais assume a jurisdição sobre uma rua particular; e a
tacam com a ferocidade mais terrível todos os intrusos caninos em seu
território. Nessas brigas, especialmente durante a noite, não cessam de ladrar
e de uivar, tal como raramente se ouve em qualquer cidade europeia. As
imprecações de Davi contra os seus inimigos derivam sua significação, portanto,
nesta referência, a uma das mais odiosas importunações orientais.
É muito provável que Paulo indicava os judaizantes com essa expressão,
como também com as duas que se seguem. Nota-se como ele se utilizou de termos
depreciativos dos judeus contra os judeus desprezíveis, que procuravam destruir
a pureza do evangelho. “Não dei* aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos
as vossas perolas, para não acontecer que as calquem com os pés e voltando-se,
vos despedacem”, (Mateus 7.6).
”Coisas santas”. Provavelmente refece à carne oferecida em sacrifício. Segundo um historiador da época, ele nos fala que os cães que infestavam as cidades do oriente sempre viviam em volta do templo, e quando os sacerdotes se aproximavam do altar para fazer o sacrifício, eles como já era acostumado pelo o sacerdote que jogava pedaços de carne para eles no momento que se preparava o sacrifício, tirados do altar algo que não podia, por serem eles animais imundos.
Nem lanceis aos porcos as vossas perolas. As pérolas eram uma
pequena semente, que tinham a aparência de ervilha ou uma espesse de milho, que
era agradável aos olhos, tão agradável que o filho pródigo desejou comem (Lucas
15.11-32). Segundo o historiador os homens ricos da época jogavam mãos cheias
dessas pequenas pérolas aos porcos. Essa é a mesma advertência. Não deis as
coisas santas aos cães, ou seja, aos homens mal e cruéis, com suas hipocrisias “Maus
obreiros” diz o Provérbio. Como joia de ouro no focinho de uma porca, assim é
uma pessoa formosa sem discrição. (Provérbios 11.22). Assim como um porco não
da valor aquilo que é valoroso, assim são os homens mal, cruéis e hipócritas que não da valor
aquilo que é santo e sagrado. Isso é um aviso para que não degrademos nossa fé
preciosa nem nós mesmos, por meio de uma atitude imprópria.
”Ninguém pode da ás Coisas santas aos cães” Nem lançar aos porcos as vossas pérolas.
Nem colocar joia de ouro no focinho de porca. Esses homens são perversos e
maus; por isso a bíblia diz, que a fé não é de todos (II Tessalonicenses 3:2).
Os escritos judaicos falam de alguns homens como se eles fossem animais imundos
e desavergonhados. Provavelmente Jesus falava em tais referências ao proferir
essas palavras. A experiência humana confirma o fato de que alguns indivíduos
se encontram em um nível tão baixo que se iguala aquele que é ocupado por tais
animais, devido às suas ações violentas e imorais.
Alguns estudiosos acham que Jesus falava somente dos porcos, quando
diz, Não lance aos porcos as vossas perolas para que voltando-se, vos as
despedacem. Mas como já falamos, ele
falou também dos cães do oriente, que eram animais violentos. (I Reis 21.19;
22.38). Tais cães são mais bravos e gregários do que os do ocidente; veja o
caso de Jezabel, que eles o atacaram com tanta violência que só sobrou á
caveira, os pés e as palmas das mãos (II Reis 9.35). Eles comem carne putrefata,
lixo ou qualquer coisa que encontrem. Tais cães, com frequência, exibem
violência. Jesus usou esses animais como símbolo para ilustrar a natureza de
alguns homens sem nenhuma ética moral.
“Coisas santas” simbolizam as “pérolas” que têm recebido várias interpretações simbólicas, como: 1. A fé cristã. 2. As verdades do reino e de Deus. 3. A comunhão e os privilégios que Deus outorgou aos cristãos. 4. O caráter espiritual. Etc.
“Porcos e cães”. Eram animais imundos, segundo a lei Mosaica dos
judeus (I Reis 21.19; 22.38; II Samuel 3.8; 9.8; Mateus 25.26; Apocalipse 22.15).
Esses animais são símbolos de certos tipos de homens. Sobre Porcos e cães, há várias
interpretações o qual mostramos algumas: 1. Os hereges (ou seja, os cães). Os
inimigos especialmente no sentido religioso, os indivíduos hostis (ou seja, os
porcos). 2. De acordo com Agostinho, os perseguidores hostis (os cães); os
indivíduos imundos, sem sentimento algum de santidade (os porcos). Paulo se
referiu a homens assim: “...Para que sejamos livres dos·...cães...” Esse é o
único item novo neste versículo, algo que não fora dito antes por João neste
livro. (Filipenses 3.2). Esse era um termo de reprimenda no vocabulário
judaico, referindo-se aos gentios, a quem eles consideravam “Porcos e cães, animais imundos”. De
acordo com as leis judaicas, o cão era um animal imundo, não se podendo
consumir suas carnes e nem tão pouco oferecer em sacrifício a Deus. Um cão não
tem moral e nem se importa com isso, pelo que é aqui usado como símbolo da devassidão
moral e da adoração pagã imunda. (Deuteronômio 23.18). Como termo de vitupério
nos lábios dos judeus, isso significa, principalmente impureza nos lábios dos
gregos, descaramento. As matilhas de cães que invadem as cidades orientais, sem
lar e sem dono, alimentando-se do lixo que abunda nas ruas, entre suas brigas e
atacando aos passantes.
WORDSWORTH menciona o fato que o termo “cachorrinhos” em (Mateus
15.27). Ao que a mulher disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das
migalhas que caiem da mesa dos seus donos. O termo cachorrinhos Era usado pelos
judeus para indicar os gentios, “Gentio” é um termo hebraico “Goiym” que
significa todos os povos que não faz parte da nação Judaica, esse termo era usado
pelos Judeus como zombaria. Os judeus jactavam-se de serem filhos de Abraão, e
desprezavam aos gentios; mas aquela mulher admite ser taxada como cão, e os
judeus, com o privilegio de ovelhas. Mais nessa ocasião não podemos imaginar
que Jesus também tivesse usado a palavra com tal sentido, mas ele quis mostrar
claramente não só à mulher, mais a todos os que ali estavam, principalmente aos
discípulos que qualquer coisa que ela ou qualquer outra pessoa recebesse seria
proveniente da graça e bondade dele, e não de mérito pessoal ou de nação. Jesus
não falou com ódio ou arrogância por ser um Judeu, mais ele sentiu quão
profunda era a fé daquela mulher, o que também seria de esperar de uma grande
personalidade como a de Jesus, que percebendo quanto sacrifício ela fizera para
encontrá-lo, como aquele Centurião Romano, e aquela mulher que sofria com uma
hemorragia á doze anos (Mateus 8.5-13; 13.19-22). Não é licito pegar o pão dos
filhos e deita-los aos cachorrinhos, por essa expressão a mulher não se
intimidou considerando que a mulher era grega de religião, e que por isso nada
tinha a ver com a missão do Messias de Israel. A despeito desse fato. A mulher
não desanimou, porque a sua necessidade era grande, e a sua fé naquele homem especial
que operava os milagres não era menor. Ela ficou satisfeita com sua posição de “cachorrinho”, como era tratada pelos os Judeus, porque
sabia ela que até esses
pequenos animais participavam dos benefícios da abundância da casa
de seu senhor. Segundo o historiador na Grécia antiga era grande lucro para um
cachorrinho se ele vivesse na casa de um Senhor, especialmente se houvesse crianças porque só assim eles muito tinham para
comer, porque eles ficavam embaixo da mesa esperando muitas migalhas lançadas pelas
crianças enquanto elas comiam, esse fato por si só, garantiria a plenitude de comida para os cachorrinhos. A
mulher considerou a posição dos cachorrinhos, porque os cachorrinhos não
estavam em qualquer lugar, eles estavam na casa de seu senhor, onde as migalhas
aram em abundancia, o qual lhes deixavam fartos, com isso ela falou com toda
verdade, essas migalhas que cai da mesa de meu senhor, pra mim é o suficiente,
elas são os resíduos das bênçãos da casa de Deus para suprir a minha necessidade.
Com tal afirmação ela entrou em contraste com os judeus que rejeitaram até
mesmo a plenitude das bênçãos de Deus o qual estava no próprio Messias, o qual podia
fornecer-lhes essa bem-aventura plenitude. Da qual a mulher siro-fenícia se
contentou em receber somente algumas migalhas que caíam da mesa de seu senhor.
“Não é bom tomar o pão dos filhos e deitá-los aos cachorrinhos” É muitos
importante lembra que no grego a outras palavras que se referem aos cães bravos
ou mesmo violentos que
infestavam as cidades antigas que constituíam verdadeira ameaça às populações. Jesus
referiu-se “aos cachorrinhos” de estimação das crianças, que propositalmente
lhes lança migalhas debaixo da mesa.
Jesus jamais deixaria de considerar tal fé. A palavra que Jesus usou aqui, porém, refere-se
aos cães domésticos, que habitavam com as pessoas. A mulher foi sábia e reconheceu
o tom brincalhão das palavras de Jesus, e aproveitou-se da situação. O
incidente deve ter alegrado a Jesus, que há tanto tempo vinha lutando com a falta
de fé dos Judeus e a indiferença e a rejeição declaradas dos lideres
judaizantes, sem falar na lentidão da fé de seus próprios discípulos. A
recompensa lhe foi dada segundo a fé que manifestou e expressou como seu
desejo. A mulher com júbilo voltou para casa, onde encontrou sua filha sã e
salva de sua terrível enfermidade. Uma palavra proferida à distância expulsou
um demônio de uma vida, a fé daquela mulher mostrou ao mundo o grande incompreensível
poder de Jesus.
A mulher não se intimidou nem ficou triste, porque a principio
ela ouviu Jesus chamar aos judeus de “ovelhas” e disse que fora enviado somente
para eles; em seguida chamou aos judeus de seus filhos e aos gentios chamou de
cachorrinhos. Tal palavra foi à base da repreensão que ela formulou a sua
resposta, ela mostrou paciência e uma grande fé, embora parecesse que estava
sendo tratada com escárnio e desprezo. E como se ela tivesse replicado. Que os
judeus sejam filhos eu entendo, e que eu como os gentios, seja um cachorrinho;
mas mesmo assim não sou proibida de comer as migalhas que caíam da mesa de meu senhor, isto
é, “participar dos milagres e benções de Deus” que os filhos “os judeus” deixam
cair da mesa de seu Senhor “Deus”. (João 1.11.12). Jesus já sabia que ela
responderia dessa maneira. Assim como o cão é fiel a seu dono, e com
perseverança espera pela comida, assim a mulher demonstrou fé e humildade
diante de seu Senhor, “Jesus”.
Conclusão- Assim como o cão domestico demostra perseverança, e paciência
ao espera as migalhas caírem da mesa de seu Senhor, assim foi á mulher, ela
naquela ocasião, demonstrou humildade, reconhecendo sua posição de mulher
gentia, não desanimou. Ela teve perseverança; transformou uma aparente recusa em
promessa subentendida de ajuda. Ela demonstrou ter espiritualidade; a despeito
da aparente recusa inicial de Jesus. Ela reconheceu a bondade de Jesus, e
evidentemente reconheceu que ele era o Messias, e a implicação de sua missão era
tal que sugeria que os próprios gentios seriam participantes da plenitude da
graça de Deus e do reino dos céus. De fato, nessa ocasião, Jesus cumpriu as
diversas profecias que diziam respeito ao ministério do Messias entre os
gentios. Ela mostrou confiança; reconheceu que a bondade e a graça do Senhor
não conheciam limites. Ela
foi gratificada com a resposta de Jesus. Mulher, grande é a tua fé seja feito
como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã. (Mateus 15.28). E Voltando
ela para casa, achou a menina atirada sobre a cama. Pois o demônio a deixara. É
isso que a fé e perseverança faz com aqueles que esperam no Senhor, ela viu as
migalhas do seu senhor “milagres
e benções de Deus” fazerem efeito em sua vida.
debateadilsonsaire.blogspot.com.br
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