domingo, 30 de dezembro de 2018

O QUE SIGNIFICA NÃO DEIS AS COISAS SANTAS AOS CÃES? NEM AS VOSSAS PÉROLAS AOS PORCOS?


Adilson Francisco dos Santos. Estudos apologéticos

O QUE SIGNIFICA NÃO DEIS AS COISAS SANTAS AOS CÃES? NEM AS VOSSAS PÉROLAS AOS PORCOS?

Não deis as coisas santas aos cães, nem jogueis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisoteiem e, voltando-se, vos façam em pedaços (Mateus 7.6)

Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão. (Filipenses 3.2)

Acautelai-vos é um termo grego, “blêpo”, verbo de uso comum que significa “ver”, embora também usado com o sentido de “considerar”, “observar”, “dirigir a atenção para algo, ou para alguém”, em Marcos 13.9, onde o termo é usado para indicar o cuidado que o ministro do evangelho deve ter em tempos de crise, sobretudo nos últimos dias.  Essa palavra também é utilizada em Marcos 8.15, contra o “fermento” dos fariseus: Nas escrituras o sentido literal do fermento é símbolo do mal, e da corrupção (Mateus 16.6-12; Marcos 8.15; Lucas 12.1; I Coríntios 5.6-8). Em Marcos 12.38, Jesus fala aos seus discípulos acerca da necessidade de se acautelarem dos escribas e de suas hipocrisias. “Ou seja, acautela-vos desses cães” Pode-se notar aqui o artigo definido. Por conseguinte, o apóstolo destacava um grupo particular de homens religiosos, os quais deveriam ser vigiados especialmente, para que suas doutrinas e suas práticas antes cristãs não viessem a macular a pureza da comunidade cristã de Filipos os quais os cães maculavam, ou seja, os “maus obreiros”.

De acordo com a lei levítica, o cão era um animal imundo; (I Reis 21.19; 22.38). Era um termo comum entre os judeus, para designar a nação gentílica. Na época o cão era um animal de pouco valor, ou de nenhum; o preço de compra de um cão era equiparado com o preço do uso de uma prostituta. Um israelita não podia fazer penetrar na casa de Deus nem os cães e nem as prostitutas, porquanto isso seria considerado, uma abominação aos olhos de Deus, segundo se lê em Deuteronômio 23.18.

Em Mateus 15.27, ele usa o termo “cão”, para indicar os gentios. Em Apocalipse 22.15. João menciona que os “cães” ficarão de fora da cidade santa, á nova Jerusalém celestial; e isso indica os “Maus obreiros” homens que foram pervertidos por vários vícios repugnantes que corrompem a sociedade. Assim como os cães eram proibidos de entrar no templo por não ser um animal aprazível para o sacrifício. Assim será com aqueles que amam e comete abominações, e são contrario a doutrina cristã. E não só eles, mais a todos quanto comete abominação. “Guardar-vos dos cães” (Filipenses 3.2).

Homero nos seus escritos usou o termo “cão” para falar de pessoas audazes e desavergonhadas, especialmente mulheres de caráter moral baixo. No presente texto está em foco o caráter moral dos falsos mestres, sem importar se eram “judaizantes” ou não, em contraste com a pureza que se espera nos verdadeiros cristãos. O cão é um animal sem vergonha, voraz, aproveitador, desordeiro, vagabundo, briguento; e é possível que algumas dessas qualidades negativas devam ser compreendidas acerca daqueles sobre quem Paulo falava assim indiretamente. O cão é um animal tão imundo que ele se banqueteia de seu próprio vomito, como descreveram o rei Salomão e o apostolo Pedro (II Pedro 2.22; Provérbios 26.11).

Helena, na Ilíada (vi. 344), chama o seu cunhado de “cão enganador”. Teucer referiu-se a Heitor, dizendo: “Não posso atingir esse cão raivoso”. (Ilíada, viii. 298). Ao procurarmos compreender a força desse termo, ajuda-nos lembrar que, nas sociedades antigas, os cães não eram domesticados como hoje; antes, com frequência, andavam em matilhas, como lobos selvagem, mostrando-se quase tão ferozes quanto estes. Veja o que os cães fizeram com Jezabel (I Reis 21.23.24; II Reis 9.35). Lê-se em um livro de Thompson, «Land and Book», pág. 593: Jazem os cães pelas ruas em tais números que é difícil, e até mesmo perigoso alguém tentar passar entre eles, uma raça magra, faminta e sinistra. Não têm dono, mas, com base em algum princípio conhecido exclusivamente por eles, combinam-se em bandos, cada um dos quais assume a jurisdição sobre uma rua particular; e a tacam com a ferocidade mais terrível todos os intrusos caninos em seu território. Nessas brigas, especialmente durante a noite, não cessam de ladrar e de uivar, tal como raramente se ouve em qualquer cidade europeia. As imprecações de Davi contra os seus inimigos derivam sua significação, portanto, nesta referência, a uma das mais odiosas importunações orientais.

É muito provável que Paulo indicava os judaizantes com essa expressão, como também com as duas que se seguem. Nota-se como ele se utilizou de termos depreciativos dos judeus contra os judeus desprezíveis, que procuravam destruir a pureza do evangelho. “Não dei* aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas perolas, para não acontecer que as calquem com os pés e voltando-se, vos despedacem”, (Mateus 7.6).

”Coisas santas”. Provavelmente refece à carne oferecida em sacrifício. Segundo um historiador da época, ele nos fala que os cães que infestavam as cidades do oriente sempre viviam em volta do templo, e quando os sacerdotes se aproximavam do altar para fazer o sacrifício, eles como já era acostumado pelo o sacerdote que jogava pedaços de carne para eles no momento que se preparava o sacrifício, tirados do altar algo que não podia, por serem eles animais imundos.

Nem lanceis aos porcos as vossas perolas. As pérolas eram uma pequena semente, que tinham a aparência de ervilha ou uma espesse de milho, que era agradável aos olhos, tão agradável que o filho pródigo desejou comem (Lucas 15.11-32). Segundo o historiador os homens ricos da época jogavam mãos cheias dessas pequenas pérolas aos porcos. Essa é a mesma advertência. Não deis as coisas santas aos cães, ou seja, aos homens mal e cruéis, com suas hipocrisias “Maus obreiros” diz o Provérbio. Como joia de ouro no focinho de uma porca, assim é uma pessoa formosa sem discrição. (Provérbios 11.22). Assim como um porco não da valor aquilo que é valoroso, assim são os homens mal, cruéis e hipócritas que não da valor aquilo que é santo e sagrado. Isso é um aviso para que não degrademos nossa fé preciosa nem nós mesmos, por meio de uma atitude imprópria.

”Ninguém pode da ás Coisas santas aos cães” Nem lançar aos porcos as vossas pérolas. Nem colocar joia de ouro no focinho de porca. Esses homens são perversos e maus; por isso a bíblia diz, que a fé não é de todos (II Tessalonicenses 3:2). Os escritos judaicos falam de alguns homens como se eles fossem animais imundos e desavergonhados. Provavelmente Jesus falava em tais referências ao proferir essas palavras. A experiência humana confirma o fato de que alguns indivíduos se encontram em um nível tão baixo que se iguala aquele que é ocupado por tais animais, devido às suas ações violentas e imorais.

Alguns estudiosos acham que Jesus falava somente dos porcos, quando diz, Não lance aos porcos as vossas perolas para que voltando-se, vos as despedacem.  Mas como já falamos, ele falou também dos cães do oriente, que eram animais violentos. (I Reis 21.19; 22.38). Tais cães são mais bravos e gregários do que os do ocidente; veja o caso de Jezabel, que eles o atacaram com tanta violência que só sobrou á caveira, os pés e as palmas das mãos (II Reis 9.35). Eles comem carne putrefata, lixo ou qualquer coisa que encontrem. Tais cães, com frequência, exibem violência. Jesus usou esses animais como símbolo para ilustrar a natureza de alguns homens sem nenhuma ética moral.

“Coisas santas” simbolizam as “pérolas” que têm recebido várias interpretações simbólicas, como: 1. A fé cristã. 2. As verdades do reino e de Deus. 3. A comunhão e os privilégios que Deus outorgou aos cristãos. 4. O caráter espiritual. Etc.

“Porcos e cães”. Eram animais imundos, segundo a lei Mosaica dos judeus (I Reis 21.19; 22.38; II Samuel 3.8; 9.8; Mateus 25.26; Apocalipse 22.15). Esses animais são símbolos de certos tipos de homens. Sobre Porcos e cães, há várias interpretações o qual mostramos algumas: 1. Os hereges (ou seja, os cães). Os inimigos especialmente no sentido religioso, os indivíduos hostis (ou seja, os porcos). 2. De acordo com Agostinho, os perseguidores hostis (os cães); os indivíduos imundos, sem sentimento algum de santidade (os porcos). Paulo se referiu a homens assim: “...Para que sejamos livres dos·...cães...” Esse é o único item novo neste versículo, algo que não fora dito antes por João neste livro. (Filipenses 3.2). Esse era um termo de reprimenda no vocabulário judaico, referindo-se aos gentios, a quem eles consideravamPorcos e cães, animais imundos”. De acordo com as leis judaicas, o cão era um animal imundo, não se podendo consumir suas carnes e nem tão pouco oferecer em sacrifício a Deus. Um cão não tem moral e nem se importa com isso, pelo que é aqui usado como símbolo da devassidão moral e da adoração pagã imunda. (Deuteronômio 23.18). Como termo de vitupério nos lábios dos judeus, isso significa, principalmente impureza nos lábios dos gregos, descaramento. As matilhas de cães que invadem as cidades orientais, sem lar e sem dono, alimentando-se do lixo que abunda nas ruas, entre suas brigas e atacando aos passantes.
           
WORDSWORTH menciona o fato que o termo “cachorrinhos” em (Mateus 15.27). Ao que a mulher disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caiem da mesa dos seus donos. O termo cachorrinhos Era usado pelos judeus para indicar os gentios, “Gentio” é um termo hebraico “Goiym” que significa todos os povos que não faz parte da nação Judaica, esse termo era usado pelos Judeus como zombaria. Os judeus jactavam-se de serem filhos de Abraão, e desprezavam aos gentios; mas aquela mulher admite ser taxada como cão, e os judeus, com o privilegio de ovelhas. Mais nessa ocasião não podemos imaginar que Jesus também tivesse usado a palavra com tal sentido, mas ele quis mostrar claramente não só à mulher, mais a todos os que ali estavam, principalmente aos discípulos que qualquer coisa que ela ou qualquer outra pessoa recebesse seria proveniente da graça e bondade dele, e não de mérito pessoal ou de nação. Jesus não falou com ódio ou arrogância por ser um Judeu, mais ele sentiu quão profunda era a fé daquela mulher, o que também seria de esperar de uma grande personalidade como a de Jesus, que percebendo quanto sacrifício ela fizera para encontrá-lo, como aquele Centurião Romano, e aquela mulher que sofria com uma hemorragia á doze anos (Mateus 8.5-13; 13.19-22). Não é licito pegar o pão dos filhos e deita-los aos cachorrinhos, por essa expressão a mulher não se intimidou considerando que a mulher era grega de religião, e que por isso nada tinha a ver com a missão do Messias de Israel. A despeito desse fato. A mulher não desanimou, porque a sua necessidade era grande, e a sua fé naquele homem especial que operava os milagres não era menor. Ela ficou satisfeita com sua posição de cachorrinho, como era tratada pelos os Judeus, porque sabia ela que até esses pequenos animais participavam dos benefícios da abundância da casa de seu senhor. Segundo o historiador na Grécia antiga era grande lucro para um cachorrinho se ele vivesse na casa de um Senhor, especialmente se houvesse crianças porque só assim eles muito tinham para comer, porque eles ficavam embaixo da mesa esperando muitas migalhas lançadas pelas crianças enquanto elas comiam, esse fato por si só, garantiria a plenitude de comida para os cachorrinhos. A mulher considerou a posição dos cachorrinhos, porque os cachorrinhos não estavam em qualquer lugar, eles estavam na casa de seu senhor, onde as migalhas aram em abundancia, o qual lhes deixavam fartos, com isso ela falou com toda verdade, essas migalhas que cai da mesa de meu senhor, pra mim é o suficiente, elas são os resíduos das bênçãos da casa de Deus para suprir a minha necessidade. Com tal afirmação ela entrou em contraste com os judeus que rejeitaram até mesmo a plenitude das bênçãos de Deus o qual estava no próprio Messias, o qual podia fornecer-lhes essa bem-aventura plenitude. Da qual a mulher siro-fenícia se contentou em receber somente algumas migalhas que caíam da mesa de seu senhor.

“Não é bom tomar o pão dos filhos e deitá-los aos cachorrinhos” É muitos importante lembra que no grego a outras palavras que se referem aos cães bravos ou mesmo violentos que infestavam as cidades antigas que constituíam verdadeira ameaça às populações. Jesus referiu-se “aos cachorrinhos” de estimação das crianças, que propositalmente lhes lança migalhas debaixo da mesa.

Jesus jamais deixaria de considerar tal fé.  A palavra que Jesus usou aqui, porém, refere-se aos cães domésticos, que habitavam com as pessoas. A mulher foi sábia e reconheceu o tom brincalhão das palavras de Jesus, e aproveitou-se da situação. O incidente deve ter alegrado a Jesus, que há tanto tempo vinha lutando com a falta de fé dos Judeus e a indiferença e a rejeição declaradas dos lideres judaizantes, sem falar na lentidão da fé de seus próprios discípulos. A recompensa lhe foi dada segundo a fé que manifestou e expressou como seu desejo. A mulher com júbilo voltou para casa, onde encontrou sua filha sã e salva de sua terrível enfermidade. Uma palavra proferida à distância expulsou um demônio de uma vida, a fé daquela mulher mostrou ao mundo o grande incompreensível poder de Jesus.

A mulher não se intimidou nem ficou triste, porque a principio ela ouviu Jesus chamar aos judeus de “ovelhas” e disse que fora enviado somente para eles; em seguida chamou aos judeus de seus filhos e aos gentios chamou de cachorrinhos. Tal palavra foi à base da repreensão que ela formulou a sua resposta, ela mostrou paciência e uma grande fé, embora parecesse que estava sendo tratada com escárnio e desprezo. E como se ela tivesse replicado. Que os judeus sejam filhos eu entendo, e que eu como os gentios, seja um cachorrinho; mas mesmo assim não sou proibida de comer as migalhas que caíam da mesa de meu senhor, isto é, “participar dos milagres e benções de Deus” que os filhos “os judeus” deixam cair da mesa de seu Senhor “Deus”. (João 1.11.12). Jesus já sabia que ela responderia dessa maneira. Assim como o cão é fiel a seu dono, e com perseverança espera pela comida, assim a mulher demonstrou fé e humildade diante de seu Senhor, “Jesus”.

Conclusão- Assim como o cão domestico demostra perseverança, e paciência ao espera as migalhas caírem da mesa de seu Senhor, assim foi á mulher, ela naquela ocasião, demonstrou humildade, reconhecendo sua posição de mulher gentia, não desanimou. Ela teve perseverança; transformou uma aparente recusa em promessa subentendida de ajuda. Ela demonstrou ter espiritualidade; a despeito da aparente recusa inicial de Jesus. Ela reconheceu a bondade de Jesus, e evidentemente reconheceu que ele era o Messias, e a implicação de sua missão era tal que sugeria que os próprios gentios seriam participantes da plenitude da graça de Deus e do reino dos céus. De fato, nessa ocasião, Jesus cumpriu as diversas profecias que diziam respeito ao ministério do Messias entre os gentios. Ela mostrou confiança; reconheceu que a bondade e a graça do Senhor não conheciam limites. Ela foi gratificada com a resposta de Jesus. Mulher, grande é a tua fé seja feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã. (Mateus 15.28). E Voltando ela para casa, achou a menina atirada sobre a cama. Pois o demônio a deixara. É isso que a fé e perseverança faz com aqueles que esperam no Senhor, ela viu as migalhas do seu senhor “milagres e benções de Deus” fazerem efeito em sua vida.


debateadilsonsaire.blogspot.com.br





Nenhum comentário:

Postar um comentário